Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) Centro de Ciências Humanas e Sociais (CCH) Departamento de Estudos e Processos Museológicos (DEPM) Museologia e Comunicação IV – Noturno
A força e a luta de nós, trabalhadores(as) e estudantes sempre existiram ao longo do tempo e sua memória importa para o presente e o futuro. Dizermos que com a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, em 1943, tudo foi resolvido, seria enganoso. A mobilização, enquanto classes profissionais, sempre foi potência de busca por uma situação justa e digna de existência.
As repressões, opressões e ameaças sobre os Direitos marcam as relações entre patrão e empregado. Mas nossos esforços merecem ser exaltados, (re)lembrados e compartilhados. Assim, fazemos nesta exposição, em cinco períodos de tempo, do início do século XX até hoje, focalizando a intensidade do percurso em demanda de mais e melhores garantias. Não se esquecendo que:
O trabalho “livre” faz crescer fábricas e centros urbanos com exploração infantil, baixos salários, carga horária exaustiva, condições insalubres, sobretudo para mulheres grávidas. Como assalariados, mulheres e homens (re)conhecem em si a força para lutar como classe. Expande-se a sindicalização e ocorre em 1907 a primeira grande greve. Mesmo duramente reprimida houve conquistas: a redução da jornada de trabalho, de até mais de 12 para 8 horas diárias. A greve de 1917 foi a mais importante do século XX, e com repressão do Estado à altura, resultando na morte do sapateiro José Iñegues Martinez.
1920 - 1940
A repressão nos fez uma classe! Visto como “caso de polícia”, os empregados buscavam grupos com diferentes vieses políticos para lutar por seus direitos. O Dia do Trabalhador (1º de maio) se tornou um símbolo trabalhista. A partir do golpe de 1930, a classe presenciou: a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e do Comércio; o surgimento da Justiça do Trabalho e a sindicalização regularizada; e o salário mínimo. Getúlio Vargas, “pai dos pobres”, buscou controlar a classe trabalhadora, apenas os sindicatos reconhecidos pelo Estado e as pessoas a eles filiados passam a ser ouvidos. A economia cresceu com o fortalecimento da indústria, bem como os grupos operários. Na década de 30 surgem as Constituições de 1934 e 1937.
1940 - 1960
Em 1943, o Dia do Trabalhador ganha novo significado com mudanças apresentadas no discurso de Getúlio Vargas, resultando na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Em 1953, a Greve dos 300 mil exigiu reajuste salarial na indústria têxtil paulista, se espalhou por outros setores e conquistou o aumento de 32%. Vargas se suicidou em 1954 e em 1957 ocorreu a Greve dos 400 mil em São Paulo, demandando reajuste salarial e políticas sobre preços de produtos populares. Apesar da repressão, houve apoio estudantil e partidário, conquistando reajuste salarial de 25%.
1960 - 1990
Turbulência política: o presidente da República, Jânio Quadros, renuncia e assume João Goulart. Em 1962, finda a idade mínima para aposentadoria e o 13º salário é aprovado. A resistência conservadora, vitoriosa na ditadura, colocou os empregados em alerta diante do risco de perda de direitos, exigindo mais união e mais força, como a CUT. Greves exigiam férias remuneradas, aumento salarial e segurança profissional! O governo estabeleceu o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, nele relativizando a garantia de estabilidade… E os 1º de maio foram o canal e a vitrine da luta!
1990 - 2023
O Plano Real leva seu “criador”, FHC, à presidência em 1995. Seu discurso neoliberal, se desdobra sobre as relações de trabalho… Nos anos 2000 o aumento da taxa de desemprego e a terceirização, evidenciam a instabilidade e perda de autonomia no trabalho e a carência de abertura de vagas formais. A recessão na década seguinte intensifica esse quadro, impulsionando a discussão sobre nova reforma trabalhista, aprovada em 2017. Conquistas são flexibilizadas e enfraquecidas. Modelos de serviços no âmbito das novas tecnologias ficam fora das leis. Os entregadores por aplicativos se multiplicam na pandemia, e buscam sua identidade e definição de direitos.
Nós, como discentes de Museologia, temos como uma de nossas maiores ferramentas e objetos de estudo a memória. Tal como a História, a memória pode ser moldada ou distorcida. Por muito tempo os discursos sobre os direitos trabalhistas excluíram os próprios trabalhadores, aqueles que verdadeiramente os conquistaram.
As mulheres e homens, que lá atrás, começaram a cruzar os braços, ir às ruas e gritar exigindo o mínimo para um trabalho digno e justo são as verdadeiras mães e pais dos direitos dos trabalhadores que temos hoje. É por essa memória que a luta continua hoje. É por ela que nos inspiramos para fazer esta exposição. Porque, acima de tudo … É DE LUTA QUE SE FAZ O TRABALHO!
Rio de Janeiro.
Concepção e produção: setembro de 2022 a julho de 2023
Exposição: 10 a 25 de agosto de 2023
Desenvolvida na plataforma WordPress e veiculada pela Agência OD
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